Antônia Alves Feitosa – Jovita

Antônia Alves Feitosa – Jovita

“A donzela guerreira da guerra do Paraguai”

Antônia Jovita Alves Feitosa, conhecida simplesmente como Jovita Alves Feitosa, nasceu em 08 de março de 1848, na aldeia de Brejo Seco, em Ihamuns – CE. Aos 16 anos, após o falecimento da mãe, veio residir em Jaicós, em companhia de seu tio Rogério Alves Feitosa, professor de música.

Por meio de notícias de jornal (do Jornal do Comercio, em particular, que o tio lia quando ia ao vilarejo mais próximo de sua propriedade e cujas novidades reportavam à sobrinha), teria tido notícia da Guerra do Paraguai (1864-1870), da invasão das terras litigiosas na região do atual Mato Grosso do Sul e dos desmandos do invasor, notadamente com relação às mulheres (eram comuns as notícias de castigos e estupros), fatos que a levaram a querer alistar-se, em Jaicós, como voluntária, para seguir, na condição de soldado, a partir de Teresina, o contingente de voluntários do Piauí, que se destinava aos esforços de guerra. 

Para tanto, percorreu a pé, com os cabelos cortados à faca, com os seios cingidos, vestindo roupa de homem e usando chapéu de vaqueano – assumindo, portanto, identidade e papel masculinos – a longa distância de 365 km entre Jaicós e Teresina. Foi desmascarada em uma feira local e acabou tendo seu pedido de alistamento transferido para o Rio de Janeiro. Jovita embarcou, entre agosto e setembro de 1865, engrossando o incerto número de voluntários do Piauí (fala-se, ao mesmo tempo, em 1320 e 460 alistados).

No Rio de Janeiro, após as necessárias tramitações burocráticas, ficou estabelecido, pela Secretaria de Guerra, que Jovita não poderia seguir para os campos de batalha na condição de soldado (apesar de ter recebido, ainda em Teresina, a patente de segundo sargento): alegaram que ela deveria alistar-se como auxiliar dos serviços médicos, atividade desejável para pessoas de seu sexo. Por essa razão, Jovita teria embarcado para o Paraguai no vapor Jaguaribe, como enfermeira, entre agosto e dezembro de 1865, segundo algumas versões.

O ministério da Guerra, entretanto, não concordou com suas pretensões de seguir para o front, mandando desligá-la por ofício de 16-9. No Rio de Janeiro passou a viver  com o engenheiro inglês Guilherme  Noot e, abandonada por este que retornou à Inglaterra. Suicidou-se, cravando um punhal sobre o coração, em 09 de outubro de 1867.

Fontes consultadas:

>> BASTOS, Cláudio de Albuquerque. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí. Teresina: Fundação Cultura Monsenhor Chaves, 1994, p. 600.

>> Jovita: a donzela guerreira da guerra do Paraguai

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