Pedro Francisco da Costa Alvarenga

Pedro Francisco da Costa Alvarenga

“Cientista revelador da insuficiência aórtica, conhecida como Sinal de Alvarenga”

Pedro Francisco da Costa Alvarenga nasceu em Oeiras, Piauí, em 1826. Era neto do português Francisco José da Costa Alvarenga, homem culto e inteligente que, embora sem as láureas acadêmicas, fazia às vezes de médico na província.

Em 1834, deixou Oeiras, então capital do Piauí (capital de 1759 a 1852), com apenas oito anos de idade, mudando-se, com toda a família, para Portugal, e nunca mais retornou à sua terra natal.

Quando faleceu, rico e famoso, em 1883, em Lisboa o Dr. Pedro Francisco da Costa Alvarenga era um respeitadíssimo médico e cientista em dimensão Europeia. Era um homem muito rico e, em um de seus legados, destinou uma quantia à Província do Piauí para a construção de uma Escola em Oeiras. A “Corte Imperial” que fez com que a mudança da capital, em 1852, para Teresina, operasse, também, a mudança se suas duas escolas para a nova capital, deixando Oeiras sem nenhuma, permite-nos aquilatar a importância do gesto do cientista para com a sua terra natal, ao consignar o legado. E não diminui em nada o valor da intenção o fato de o governo piauiense ter usado o dinheiro e postergado, por cerca de quarenta anos, a criação do “Grupo Escolar Costa Alvarenga” (Joca Oeiras). Provando, também, nunca ter renegado suas raízes piauienses, o cientista instituiu, com sua herança, o “Prêmio Alvarenga do Piauí” para as Academias de Medicina de Paris, Lisboa, Bruxelas, Viena, Berlim, Filadélfia, Estocolmo e Rio de Janeiro.

Em Lisboa, ainda adolescente cursou Matemática na Escola Politécnica e Zoologia na Academia de Ciências. Em 1845, matriculou-se no curso de Medicina da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, concluindo-o com louvor em 1850. Depois de formado, rumou para a Bélgica, doutorando-se com brilhantismo pela conceituada Universidade de Bruxelas, em 1852.

De retorno a Portugal, iniciou o trabalho de atendimento clínico, tornando-se médico efetivo do Hospital de São José, da Santa Casa de Misericórdia, subdelegado de saúde e médico honorário da Câmara de Sua Majestade Fidelíssima. Foi, entretanto, inexcedível em sua luta de amparo aos enfermos durante as duas grandes epidemias de cholera morbus e de febre amarela, que assolaram a capital portuguesa (1853 – 1856), assumindo a direção de vários hospitais especialmente montados naquela oportunidade. Por esse tempo adquiriu grande reputação, sendo chamado a toda parte. Era o médico de Lisboa. Segundo a imprensa de antanho, se não bastasse a sua profícua produção acadêmica, bastava ouvi-lo “para se reconhecer o médico que sabe fazer o diagnóstico das doenças de peito com precisão quase matemática. A auscultação, a percussão, a mensuração, assim como os demais meios de descobrir as doenças, têm no senhor Alvarenga um apaixonado cultor”. E mais, “em tão breves anos não é fácil adquirir neste país maior soma de conhecimentos teóricos e práticos do que possui o senhor Dr. Alvarenga” (A Revolução de setembro, n.º 6045, de 8.7.1862; A crença, de 9.7.1862).

Concomitantemente ao atendimento clínico, dedicou-se com afinco e denodo ao ensino e à pesquisa, encetando vitoriosa carreira acadêmica. Em 1862, depois de consagradora aprovação em concurso público, assumiu a livre-docência de Matéria Médica da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, onde se formara doze anos antes.

Em 1853, fundou e tornou-se o principal redator da Gazeta Médica de Lisboa, conceituada revista que circulou até o ano de 1875, de onde vários artigos foram traduzidos e republicados em outras importantes publicações científicas europeias. Dada a sua notoriedade acadêmica, ingressou como sócio efetivo na Academia Real de Ciências e correspondente na Imperial Academia de Medicina do Rio de Janeiro, além de mais de trinta associações de ciências e letras da Europa. Foi agraciado com títulos e comendas em diversos países.

Realizou inúmeras descobertas científicas. Porém, o que mais notabilizou o seu nome foi a descoberta, em 1856, do sinal do duplo sopro crural da Insuficiência Aórtica, também conhecido como “Sinal Alvarenga-Duroziez”. Ocorre que aquele conhecido cardiologista francês observara o mesmo sinal seis anos depois e então estava sendo ensinado na escola francesa com o nome exclusivo deste. Entretanto, Costa Alvarenga reivindicou seus direitos e a Academia de Paris, considerando que o sintoma já estava muito vulgarizado com aquele nome passou a denominá-lo homenageando os dois cientistas. Entretanto, alguns tratadistas, entre os quais o italiano Castellino e o brasileiro Miguel Couto, reconhecem apenas a primazia do luso-brasileiro denominando-o apenas por “Sinal de Alvarenga”.

Em 1872, permaneceu no Rio de Janeiro participando dos debates na Academia Imperial de Medicina, que resultaram na publicação de um livro em 1873. Quando Regressou a Portugal, Costa Alvarenga passou pela Bahia, oportunidade em que medicou o jovem Rui Barbosa, diagnosticando anemia cerebral e subnutrição.

Costa Alvarenga faleceu em 14 de julho de 1883, na cidade de Lisboa, vítima de lesão aórtica fulminante, o mal que estudara por grande parte de sua vida. Possuía apenas 57 anos de idade e já era um dos mais respeitados cientistas da Europa.

No Brasil, é patrono da cadeira 10 da Academia Nacional de Medicina e no Piauí é patrono da cadeira 32 da Academia de Ciências do Piauí – ACIPI.

Fontes consultadas:

>> BASTOS, Cláudio de Albuquerque. Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí. Teresina: Fundação Cultura Monsenhor Chaves, 1994, p. 600.

>> Pedro Alvarenga | Biografia

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