José Alves de Oliveira – Mestre Dezinho

José Alves de Oliveira – Mestre Dezinho

“Precursor da arte santeira piauiense”

José Alves de Oliveira, conhecido como Mestre Dezinho é considerado o precursor da arte santeira no Estado do Piauí. Ele nasceu no dia 2 de março de 1916, em Valença do Piauí, onde viveu por 45 anos.

Filho de Aristides Alves de Oliveira, português, agricultor e carpinteiro e Antônia Maria Silva, modista, neta de escrava. Foi o sétimo filho de uma prole de dez e, com 10 anos herdou do seu pai o gosto pela talha em madeira. Antes de tornar-se reconhecido como mestre da escultura, exerceu várias funções: carpinteiro, marceneiro, mestre de obra e padeiro.

Casou-se aos 20 anos com Francisca de Oliveira, com quem teve oito filhos, dos quais dois já faleceram. Mestre Dezinho chega a Teresina em 1961, deixando a sua terra natal.  Quando vigia da praça da Vermelha se dedicava, nas horas de folga, a carpintaria na Igreja de N. Sra. de Lourdes, ou Igreja da Vermelha que estava em construção. Fazia os ex-votos[1] por encomenda, como réplicas de mãos, pernas, cabeças de modo a atender as encomendas para pagar promessa feitas aos santos.

Em 1966, deu-se a conclusão da Igreja da Vermelha e o Padre Carvalho, admirador dos ex-votos de Dezinho, encomendou para esculpir um Cristo, porém confessa Dezinho que se sentia incapaz de produzir um Senhor Morto e a sua maior preocupação era esculpir as pernas sobrepostas que só conseguiu fazer as pernas dispostas lado a lado, considerando por ele, o único Cristo representado dessa forma. Ressalta-se que a partir das primeiras esculturas para essa igreja o padre Francisco das Chagas Carvalho teria encomendado outras peças escultóricas, os anjos tocheiros.

A Igreja da Vermelha acabou se tornando um registro histórico do nascimento artístico do Mestre. Mestre Dezinho inaugurou uma arte santeira com estilo próprio, o que influenciou tantos outros artistas piauienses.

As peças do mestre Dezinho são talhadas normalmente em cedro, obedecendo muitas vezes o tamanho natural. Nas roupas dos santos, referências da cultura piauiense, como cajus, folhagens e flores típicas da região. Suas obras estão espalhadas pelo mundo, tendo feito exposições em vários países como: México, Itália, Israel, França, Estados Unidos, dentre outros.

Mestre Dezinho faleceu aos 74 anos no mês de fevereiro de 2000, em Teresina. A Central de Artesanato Mestre Dezinho, instalado em frente à Praça Pedro II, leva seu nome em homenagem ao artesão. A arte santeira foi produzida pelos mestres de forma autodidata, fruto de uma sobrevivência material e espiritual.

Exposições:

Fontes consultadas:

>> A arte dos santos do Piauí

>> A arte santeira piauiense

>> A arte popular do Brasil

>> MESTRE Dezinho. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10252/mestre-dezinho. Acesso em: 06 de junho de 2022. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7


[1] Produzia peças que as pessoas encomendavam para pagar promessas pela cura de doenças; eram braços, pernas, mãos, cabeças, dedos.

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